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Massacre no Rio: operação policial deixa mais de 120 mortos e é a mais letal da história do estado

A Operação Contenção, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, entrou para a história como a ação policial mais letal já registrada no estado, com mais de 120 mortos, entre eles quatro agentes de segurança.

A operação mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares com o objetivo de cumprir 69 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV) e escancarou o projeto de segurança pública desumano do governador Cláudio Castro (PL).

Durante os confrontos, segundo o governo, houve reação armada de suspeitos, com uso de drones para lançar explosivos e barricadas em chamas. Moradores, no entanto, relataram abordagens violentas, destruição de casas e violações de direitos humanos. Imagens nas redes sociais mostraram colunas de fumaça e cenas de desespero nas comunidades.

O que o governo do Rio chama de “combate ao crime” é, na prática, uma política de extermínio que transforma favelas em campos de batalha e trabalhadores pobres em alvos. O número de mortos ultrapassa os das operações anteriores mais sangrentas, Jacarezinho (2021), com 28 mortos, e Vila Cruzeiro (2022), com 24. Além dos mortos, 81 pessoas foram presas, e três civis foram baleados, entre eles um trabalhador, uma mulher e um homem em situação de rua. Dezessete escolas na Penha e 28 no Alemão tiveram as aulas suspensas.

Organizações populares e de direitos humanos denunciam o uso desproporcional da força e a falta de controle sobre as ações policiais, que continuam transformando as favelas em zonas de guerra.

Em vez de proteger vidas, o governo do Rio escolheu a bala. Em cada ação, as mesmas cenas: casas destruídas, corpos espalhados, escolas fechadas, crianças aterrorizadas. Nenhum plano de inteligência, nenhuma política social, apenas o uso da força como espetáculo político.

O massacre ocorrido pela operação policial reforça a urgência de um debate nacional sobre segurança pública com respeito à vida, aos direitos humanos e à população trabalhadora das periferias.

Governador usa operação no Rio para atacar STF e governo federal

O governador Cláudio Castro (PL) aproveitou a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, com 64 mortos, para fazer ataques políticos ao governo federal e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista, Castro afirmou que o governo Lula negou pedidos de apoio das Forças Armadas em operações anteriores e que o estado estaria “sozinho” no enfrentamento ao tráfico.

O governador também culpou a chamada ADPF das Favelas, uma decisão do STF que restringe ações policiais em comunidades, pelo aumento da criminalidade, chamando a medida de “herança maldita” e afirmando que ela teria facilitado a entrada de traficantes de outros estados no Rio.

Em nota, o Ministério da Justiça rebateu as acusações e informou que tem atendido todos os pedidos do governo fluminense para o uso da Força Nacional. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou não ter recebido solicitação de apoio para a operação desta terça (28) e reforçou que o governo federal segue à disposição para cooperar no combate ao crime organizado.

Já o prefeito Eduardo Paes (PSD) declarou que o município “não vai ficar refém do medo” e orientou os serviços públicos a manterem o funcionamento normal, garantindo apoio à população afetada pelos confrontos.

Enquanto o governo estadual tenta transformar a tragédia em palanque político, os trabalhadores nas comunidades seguem vivendo sob o terror das operações violentas e da ausência de políticas sociais que enfrentem de fato as causas da violência.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Rio de Janeiro (RJ), 28/10/2025 – Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

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