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Passeata mobiliza trabalhadores em Campinas: contra a exploração dos patrões e governos

Nossa luta contra quem nos explora não se limita ao chão das fábricas. Por isso, na manhã de sábado, dia 7 de agosto, nós, metalúrgicos e metalúrgicas de Campinas e região, junto com os companheiros e companheiras de Limeira, São José dos Campos e Baixada Santista, que participam conosco da Campanha Salarial Unificada, caminhamos pelas ruas do Centro de Campinas, levantando bandeiras e mostrando à população de Campinas nossas reivindicações.

Este ano, mais uma vez, precisamos estar organizados e mobilizados para enfrentar os patrões, que constantemente tentam reduzir salários, direitos e cláusulas da nossa Convenção Coletiva, como a conhecida Cláusula 68, que garante estabilidade no emprego até a aposentadoria ao trabalhador com doença ocupacional ou vítima de acidente de trabalho.

Uma carta aberta refletindo a real situação da classe trabalhadora no Brasil foi distribuída à população, conscientizando e chamando todos para engrossarem a mesma luta, que é de todos!
A Campanha Salarial metalúrgica teve início no dia 4 de julho, com a assembléia de aprovação da pauta de reivindicações, que já foi entregue aos sindicatos patronais, Fiesp e Anfavea, em 16/08.

Leia abaixo a carta aberta entregue à população.

Contra quem lucra e explora, nossa hora é agora!
Para os patrões, o pior da crise já passou. No país, em todos os setores da economia, a produção industrial e as vendas batem recordes. De janeiro a julho, a fabricação de veículos cresceu 18,3%, produzindo 2,07 milhões de unidades. As vendas aumentaram 8,5%, somando 1,882 milhão de veículos. As exportações cresceram 65,9%, totalizando mais de R$ 12 bilhões. No setor de eletroeletrônicos o faturamento cresceu 12,34%. E a indústria de máquinas e equipamentos cresceu 13,2%, faturando R$ 33,9 bilhões. Mas enquanto os patrões lucram e ficam mais ricos, os trabalhadores estão sendo massacrados dentro e fora das fábricas. Estamos trabalhando como nunca.

Enquanto a indústria automobilística investe rios de dinheiro em plantas e tecnologias, há menos trabalhadores na linha de produção, produzindo muito mais, e em ritmo alucinante. As milhares de demissões, o altíssimo nível de desemprego, e os salários rebaixados têm feito o trabalhador amargar jornadas de até 12 horas diárias. Endividados e pressionados a fazer horas extras, estamos adoecendo mais e nosso tempo de descanso e lazer com a família sendo engolidos pelo trabalho. Doentes, não conseguimos o reconhecimento da CAT nem pela empresa nem pelo INSS.

A rotatividade é outro mecanismo que os patrões usam e abusam para aumentar seus lucros e a exploração da nossa força de trabalho.
Segundo o Dieese, o trabalhador brasileiro precisaria de um salário mínimo de R$ 2.011,03 para arcar com suas despesas básicas: quatro vezes mais que o valor atual. Mas as recontratações são feitas com salários inferiores aos dos demitidos. Endividados, os trabalhadores recorrem aos cartões de crédito: em março deste ano havia 581,42 milhões de cartões ativos no país, significando uma média de três cartões por pessoa, segundo o Banco Central.

A licença maternidade de 180 dias não existe na maioria das empresas privadas, não temos creches suficientes e de qualidade para nossos filhos e o atestado de acompanhamento médico familiar nem sempre é aceito pelos patrões.

Fora das fábricas, o governo libera dinheiro público para salvar bancos e empresários, por meio de linhas de crédito e de redução de IPI para veículos, autopeças, eletroeletrônicos e construção civil. Mas ataca os trabalhadores, aumentando o volume de impostos: recebemos 13 salários ao ano, mas só ficamos com 8, os outros 5 vão para o governo federal em forma de  impostos; cortando serviços públicos, como saúde e educação; e mantendo o Fator Previdenciário, que continua a corroer e a dificultar nossa aposentadoria.

Portanto, contra os ataques de patrões e governos à classe trabalhadora não nos resta outra saída a não ser nossa organização e nossa luta, dentro e fora das fábricas. Nossas mobilizações em Campinas, Limeira, Santos, São José dos Campos e regiões vêm garantindo inúmeras conquistas à categoria metalúrgica, como reajustes salariais de até 10% e ampliação de direitos nas convenções coletivas, confirmando que nossa única saída é a luta!

Campinas, 7 de agosto de 2010.



 

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