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Conferência Nacional por IA com Direitos Sociais debate soberania digital e futuro do trabalho no Brasil

As discussões apontaram para a urgência de políticas públicas que garantam transparência no uso dos algoritmos, proteção social e democrática, e soberania digital

O Sindicato participou da 1ª Conferência Nacional por Inteligência Artificial com Direitos Sociais, realizada no dia 3 de outubro, no campus da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo.
Durante dois dias, participantes de diferentes setores de 19 Estados da federação debateram os impactos da IA no mundo do trabalho.

Compartilharam análises, experiências e preocupações sobre o uso da IA por grandes corporações internacionais, sobretudo pelas big techs norte americanas, que visam ampliar o controle e a exploração do trabalho, enfraquecendo direitos sociais e democráticos, reduzindo a autonomia das pessoas, e atacando a soberania nacional.

Tecnologia, poder e desigualdade

No segundo dia, a programação teve quatro mesas, sendo a primeira formada por Sérgio Amadeu (professor da UFABC) e Nina da hora (cientista da computação) discutiram temas como a nova divisão internacional do trabalho, o controle corporativo das big techs e os riscos à soberania digital.

A segunda, reuniu Ricardo Antunes (sociólogo da Unicamp) e Luci Praun (professora da UFABC) que analisaram como a inteligência artificial em vez de liberar o ser humano para atividades criativas está intensificando a precarização e aprofundando a desigualdade. Para Ricardo Antunes, “estamos vivendo o momento mais destrutivo do trabalho”.

A terceira mesa, que reuniu Juvandia Moreira (vice-presidente da CUT Nacional) e Wellington Damasceno (diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) reafirmaram a necessidade da organização e luta coletivas a partir dos sindicatos diante dos desafios impostos pela IA, como a disputa política, ideológica e de classes.

Destacaram a necessidade de regulamentação com a participação dos trabalhadores e de convenção coletiva sobre a transição tecnológica nas empresas (Indústria 4.0), desde a admissão até a demissão, de forma a respeitar a pessoa humana e seus direitos; a redução da jornada de trabalho com o avanço da IA, e o uso da LGPD para a prática sindical.

Defenderam a urgência da ampliação e intensificação da discussão nacional sobre soberania digital.

Na quarta e última mesa, José Dirceu (ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula) e Orlando Silva (deputado federal) defenderam a construção de uma pauta a partir de cada sindicato. Para José Dirceu, é preciso construir negociações coletivas sobre os lucros produzidos a partir da IA, que está aumentando a produtividade nos diversos setores.

Encaminhamentos

A conferência terminou com a leitura e aprovação do Manifesto-de-Sao-Bernardo-do-Campo-pela-Inteligencia-Artificial-com-Direitos-Sociais e a criação da Frente por Inteligência Artificial com Direitos Sociais – Brasil, com o objetivo é articular entidades, movimentos sociais, e universidades (pesquisadores) na criação de pauta estratégica comprometida com a inteligência artificial regulada, democrática e com justiça social.

 

 

 

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