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Saúde é direito: Obesidade não é falta de força de vontade e sim problema de saúde pública

Doença crônica multifatorial, a obesidade também é consequência de um sistema que adoece o trabalhador e a trabalhadora

Hoje, um em cada três brasileiros vive com obesidade. Longe de ser “falta de força de vontade”, a obesidade é sim o reflexo de jornadas exaustivas, baixos salários, transporte precário, falta de segurança pública e falta de acesso a comida saudável, lazer e tempo livre.

O trabalhador que sai às 4h da manhã, trabalha aos finais de semana e leva um tempão de deslocamento até a empresa, acaba sem tempo para cozinhar comida saudável, não se alimentando corretamente, nem tendo tempo ou disposição para o lazer e a prática de atividades físicas.

Enquanto isso, as indústrias, entre elas a de ultraprocessados lucra bilhões, empurrando comida barata e de má qualidade para a nossa mesa. O resultado disso são doenças crônicas, mortes prematuras e custos altíssimos para o SUS.

Estudo da Unifesp mostra que até 2030 os gastos diretos com doenças ligadas à obesidade podem chegar a US$ 1,8 bilhão, e as perdas indiretas, como anos de vida produtiva, a US$ 20 bilhões.

Portanto, a obesidade é, sim, um problema de saúde pública e uma questão de classe. É fruto da exploração que rouba nosso tempo de descanso, nosso direito ao lazer, ao autocuidado e até a nossa possibilidade de viver com dignidade.

Dados alarmantes

O Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês), indica que 31% dos adultos brasileiros têm obesidade, enquanto 68% têm sobrepeso – o que significa que quase sete em cada 10 vivem com excesso de peso.

As projeções indicam que, se nada for feito, até 2044 quase metade da população adulta brasileira (48%) estará obesa.

O relatório revela ainda que mais de 60 mil mortes prematuras no Brasil são atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade por sua associação a doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).

Tratamento no SUS

Mesmo sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como doença crônica, a obesidade ainda não tem tratamento medicamentoso no SUS. Hipertensos, diabéticos e asmáticos têm acesso a remédios gratuitos, mas quem sofre com obesidade continua abandonado.

Por isso, algumas entidades médicas lançaram uma campanha nacional pela inclusão de medicamentos para obesidade no SUS, denunciando o descaso e exigindo acesso a tratamento digno.

Mas só remédio não basta! Nossa luta é por condições de vida que permitam saúde de verdade.

Isso significa:

  • Redução da jornada de trabalho, para que os trabalhadores tenham tempo para cuidar de si e viver com saúde
  • Salários dignos para garantir comida saudável na mesa
  • Estrutura e serviços públicos de qualidade para todos para que atividade física não seja privilégio de poucos

Não aceitaremos que nos culpem por um sistema que nos adoece!

Quase 70% da população está acima do peso e como vimos isso tem tudo a ver com as péssimas condições de trabalho.

Portanto, se a obesidade é um problema coletivo, a resposta também precisa ser coletiva. Afinal, o que está em jogo é a saúde, a vida, a dignidade e o futuro da classe trabalhadora.

Com informações da Agência Brasil

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