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Mulheres da Via Campesina e do MST ocupam Monsanto, no interior de SP

Na manhã de sexta-feira (07/03), as mulheres da Via Campesina e do MST ocuparam uma unidade de pesquisa biotecnológica da empresa americana Monsanto, em Santa Cruz das Palmeiras, no interior de São Paulo.
Em protesto contra a liberação de duas variedades de milho transgênico pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), as trabalhadoras rurais destruíram um viveiro e o campo experimental de milho transgênico.
Em 2001, o Greenpeace já havia realizado um protesto nessa mesma área e encontrou plantio ilegal de milho geneticamente modificado.

Dia Internacional da Mulher

Com o lema “As mulheres da Via Campesina em luta contra as transnacionais e o agronegócio”, várias manifestações ligadas ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher, vão ocorrer em aproximadamente 18 estados brasileiros.
A Via Campesina, o MST e demais organizações, trazem novamente a bandeira de defesa da soberania alimentar e atacam a política irresponsável da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), influenciada por empresas que visam a destruição do meio ambiente por meio da expansão do agronegócio. Essas empresas têm os interesses voltados na produção de alimentos geneticamente modificados (transgênicos) e na expansão da monocultura de cana-de-açúcar para a produção de etanol.
A proposta das mulheres camponesas para o campo tem base na defesa da soberania alimentar, que prevê que cada país tenha condições de produzir seus alimentos, garantindo sua autonomia e criando condições para o combate à fome e ao desenvolvimento da agricultura.

No Rio Grande do Sul, ocupação da papeleira que financiou campanha da governadora Yeda Crusius

A empresa sueco-finlandesa Stora Enso, denunciada pelas mulheres da Via Campesina por ter adquirido de forma ilegal terras na faixa de fronteira no Rio Grande do Sul foi também uma das financiadoras da campanha da atual governadora do estado, Yeda Crusius.
Stora Enso e as outras papeleiras Aracruz Celulose e Votorantin Papel e Celulose, foram responsáveis pela doação de meio milhão de reais para a campanha de Yeda.
A Stora Enso tem projetos de instalar uma nova indústria de papel em território gaúcho, próximo á fronteira com o Uruguai. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) declarou que tal instalação afronta a legislação brasileira.
A transnacional agora busca junto a congressistas mudanças na legislação sobre faixa de fronteira.
O Estado, através da polícia Militar, reprimiu o movimento, tratando as trabalhadoras como criminosas e agrediu covardemente mulheres e crianças.

A quem interessam os transgênicos

Atualmente, quatro empresas transnacionais dominam quase todo o mercado de transgênicos no mundo e 49% de todo o mercado de sementes. A Monsanto, por exemplo, detém o controle de 70% da produção de sementes das variedades comerciais de milho no Brasil e agora pode substituí-las por transgênicos.
Também não existem estudos científicos que garantam que os alimentos transgênicos não têm efeitos negativos para a saúde humana e para a natureza. As dúvidas em relação aos alimentos modificados em laboratórios levam 81,9% do povo brasileiro a rejeitar o plantio de Organismos Geneticamente Modifiados, de acordo com pesquisa realizada a pedido do Greenpeace.

Lula deixa de lado a Reforma Agrária e cede à pressões de multinacionais

Em fevereiro, o governo Lula cedeu às pressões das empresas do agronegócio e liberou o plantio e a comercialização das variedades Guardian (Monsanto) e a Libertlink (Bayer).
A liberação dessas variedades demonstra que o governo Lula optou pelo agronegócio e pelas grandes empresas estrangeiras da agricultura, deixando de lado a Reforma Agrária e a agricultura familiar.
A expansão dos transgênicos por todo o país tira o controle das sementes dos trabalhadores rurais, passa para as empresas transnacionais e pode inviabilizar a produção de alimentos orgânicos.
A Via Campesina denuncia que os transgênicos não são simplesmente organismos geneticamente modificados, mas produtos criados em laboratórios que colocam a agricultura nas mãos do mundo financeiro e industrial.
A sociedade não está mais diante da agricultura tradicional, mas de grupos que usam transgênicos para controlar as sementes e impor o uso de insumos e venenos que produzem, privatizando o papel de melhoramento das sementes e cultivo dos camponeses e indígenas.


 

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