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Sumiram 200 milhões de mulheres no mundo

Você sabe o que é generocídio? É o genocídio (assassinato em massa) de gênero. E, segundo um estudo de três anos da ONU (Organização das Nações Unidas), o generocídio fez com que “desaparecessem” 200 milhões de mulheres no mundo. O número dessas mulheres que o estudo chama de “desaparecidas” se baseia na taxa de nascimentos de homens e mulheres, teoricamente semelhante, e na existência de menos mulheres do que o esperado na população mundial.

O reconhecimento oficial de que existe violência baseada apenas no gênero do ser humano é recente. A primeira tentativa de qualificar o problema aconteceu em 1993, quando a ONU lançou a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Em 1995, a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Pequim, reforçou esse enfoque. Mas ainda é necessário que os governos enxerguem a devida gravidade do problema e tomem medidas para acabar com a discriminação e com práticas que escondidas por trás do manto de “culturais”, provocam a morte ou o desaparecimento de milhões de mulheres em todo o mundo.

Luta pela sobrevivência começa cedo, ou nem chega a começar
Desde a infância, a mulher sofre com a discriminação e a violência. São forçadas a casamentos precoces, sofrem abuso sexual e mutilação. Adolescentes podem cair nas redes do tráfico de mulheres e da prostituição. Adultas, sofrem com a violência doméstica, estupros e assassinatos. No mundo inteiro, se perpetuam práticas violentas e discriminatórias contra as mulheres.

Infanticídio na China e na Índia

Dos 200 milhões de desaparecidas, estima-se que 80 milhões nem chegaram a nascer: eram fetos do sexo feminino em países onde os meninos valem mais. Na China, a política do filho único, imposta pelo governo em 1979, reavivou a prática de matar crianças do sexo feminino. Enquanto a proporção mundial é de 105 mulheres para cada 100 homens, na China em 2003, nasceram 117 meninos para cada 100 meninas. Calcula-se que no futuro 111 milhões de homens chineses não terão com quem se casar.

No mundo, a mortalidade infantil entre 1 e 4 anos é maior entre as meninas, que desprezadas pelos pais, recebem menos comida e menos cuidados médicos. Na Índia, recém-nascidas são mortas por envenenamento, asfixia ou por ingestão de arroz com casca, que lhes perfura a traquéia. Os assassinos quase sempre são as mães, mulheres que perpetuam a cultura da discriminação contra o próprio sexo.

Violação aos direitos humanos também na África

Na Nigéria, um estudo mostra como o desprezo à condição feminina cria situações inimagináveis: 15% das pacientes que procuraram tratamento para doenças sexualmente transmissíveis tinham menos de 5 anos.

Na África do Sul, assim como no Zimbábue e na Zâmbia, ainda se mantém o mito de que deflorar uma virgem pode curar doenças como a AIDS, o que justificaria estupro de crianças e adolescentes.

A mutilação genital – remoção parcial ou total do clitóris e dos grandes e pequenos lábios – é uma prática mais antiga que a cristandade e o Islã. Forma encontradas múmias egípcias com vestígios de amputação. No mundo inteiro, segundo a Organização Mundial de Saúde, a cada dia seis mil meninas são submetidas a esse ritual macabro, que é uma violação clara aos direitos humanos.

Violência doméstica não escolhe nacionalidade

De todas as forma de agressão, a violência doméstica ainda é a mais comum. Nos Estados Unidos, estima-se que uma em cada quatro mulheres tenha sofrido algum abuso em casa. No Canadá, até 29% admitem ter sido agredidas por seus parceiros. No Paquistão, diariamente ocorrem cerca de três “mortes do fogão” – os maridos põem fogo na esposa e alegam que houve um acidente envolvendo o eletrodoméstico.

Estupros em série são usados como armas de guerra

Nas guerras e conflitos armados, a agressão às mulheres tem se tornado uma estratégia de combate. Entre 1991 e 1995, a antiga Iugoslávia foi palco de estupros em série praticados contra mulheres com o intuito de engravidá-las com a semente do inimigo.
Em Ruanda, palco de um grande genocídio em 1994, calcula-se que até 500 mil mulheres tenham sido estupradas. 

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