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É necessário reconstruir a unidade classista dos trabalhadores

No final da década de 70 e no início da década de 80, enquanto na Europa os trabalhadores tinham chegado ao topo dos seus direitos, aqui no Brasil, na contramão do que ocorria na Europa, travamos intensas lutas por direitos sociais, por redução de jornada, por moradia, por terra.


Essas lutas com forte conteúdo classista foram o que originou a construção da CUT, do PT, do MST, a reconstrução da UNE, etc. Hoje depois que essa intensa mobilização gerou inclusive um metalúrgico na presidência da república, precisamos discutir porque a realidade social e a situação dos trabalhadores em nosso país, em que se pese, os avanços conquistados, continuam deixando o país um dos campeões da pior distribuição de renda do planeta.


Pior ainda, animados com os recentes ataques nos seus países de origem, com o aumento da jornada de trabalho sem aumento salarial, redução nos direitos previdenciários, etc, as multinacionais e a burguesia brasileira pressionam o governo para que aqui aconteça o mesmo.


Num momento assim precisamos de organização que ampliem a luta pelos nossos direitos, mas infelizmente não é o que ocorre.
Desde a década de 90, assistimos uma onda de flexibilização de direitos dos trabalhadores, com muitos Sindicatos aceitando retirada de direitos das Convenções Coletivas, que no caso dos metalúrgicos do Estado São Paulo, para resistir, nosso Sindicato, mais os companheiros de Limeira e São José tivemos que sair da federação cutista e formar outra bancada de negociação.


Após a eleição do Lula essa postura de negociar tudo, piorou. Aceitaram levar para o Congresso uma proposta de Reforma Sindical, negociada com os patrões, que alardeava a livre negociação, mas que na prática, se fosse aprovada permitiria que o negociado fosse superior a Legislação Trabalhista, ou seja, Acordos Coletivos poderiam reduzir os já poucos direitos contidos na lei. Ou seja, até o que combatíamos no governo FHC, passou a ser aceito com o novo governo.


No VII Congresso da CUT, foi decidido que qualquer proposta teria que iniciar com o fim das medidas que flexibilizavam as relações de trabalho de FHC, inclusive àquelas que dificultaram, e em muitos casos, impedem a aposentadoria no setor privado, como a mudança de critério de Tempo de Serviço para Tempo de Contribuição.


Fazendo tudo ao contrário, a CUT teve uma postura vergonhosa durante o debate da Reforma da Previdência do setor público, que até agora tem conseqüências, com especialistas do governo querendo ampliar ainda mais a idade mínima para a aposentadoria.
As empresas lucram como nunca, enquanto isso, segundo o IBGE a renda média do trabalhador caiu 18,8% entre 1996 e 2004. O salário mínimo que em 1957 eram em valores de novembro de 2004, iguais a 1.081,00 reais. Hoje, igual a 350,00 é comemorado pela CUT, sem nem cobrar a promessa feita por Lula de dobrar o valor em 4 anos.


Existem no país 55 mil imóveis classificados como grandes propriedades improdutivas, que correspondem a 120 milhões de hectares, enquanto há 4,6 milhões de famílias sem terra e 200 mil acampados em nosso país.


Até as atividades de 1º de Maio que antes eram jornadas de luta por mais reivindicações, hoje a CUT que foi criada para enfrentar essa situação, transformou a data em grandes festas patrocinadas por empresas e bancos.
 
É hora de discutirmos nossa atuação e o papel da CUT!


Coerentes com a postura e os princípios que sempre nortearam a ação do nosso sindicato, por acreditarmos que as lutas das décadas passadas continuam mais atuais do que nunca, coerentes com o princípio de que sindicatos e centrais sindicais devem ser autônomos e independentes frente ao governo e partidos, no último domingo, a plenária da diretoria, com a militância sindical decidiu não participar do próximo Congresso da CUT.


Além da não participação no Congresso, ficou decidido a suspensão do pagamento das mensalidades e também iniciar um amplo debate com a categoria, em reuniões de grupos de fábrica, assembléias nas regiões, plenárias e debates com outros sindicatos, para juntos definirmos como será nossa relação com a CUT e as tarefas do movimento sindical, que mais do que nunca precisa de lutas intersindicais e solidariedade de classe com todos os movimentos sociais.

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