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RIO GRANDE – RS, HOMENAGEIA O “FOTÓGRAFO OPERÁRIO”

A Universidade Federal do Rio Grande – FURG, o Ponto de Cultura ArtEstação, o Acervo João Zinclar e a família de João Zinclar, realizam um conjunto de eventos em Rio Grande (RS) cidade natal do fotógrafo, em janeiro de 2023, para marcar os 10 anos do falecimento de João Zinclar: um Seminário sobre fotografia, uma exposição com o recorte “Ferrovia” presente na obra do fotógrafo operário e uma roda de conversa sobre a trajetória pessoal e politica e a obras de João Zinclar.

João, com sua mãe e irmãos, em Rio Grande (RS).

Os principais objetivos deste projeto são: enaltecer a vida e a obra do fotógrafo riograndino João Zinclar Lima Silva (1956-2013), divulgar a produção fotográfica de João Zinclar e promover encontros para debater a importância do fotógrafo por meio das memórias de familiares, amigos e companheiros de trabalho.

O projeto configura uma homenagem e o reconhecimento de João em sua cidade natal, o evento proporciona a propagação da cultura e do olhar do fotógrafo em torno de temáticas como: movimentos sociais, a luta da classe trabalhadora e a transposição do Rio São Francisco; esta última resultou no livro autoral intitulado “O Rio São Francisco e as águas no sertão”. Essa obra literária será divulgada em atividade a ser realizada na Hippocampus Sebo e Livraria (Cassino/RS).

PROGRAMAÇÃO

  • 12 de janeiro de 2023 – 19 h – Abertura da exposição no Ponto de Cultura ArtEstação (Cassino/RS). Título: Trens, estações e pessoas: pelo olhar de João Zinclar, o fotógrafo operário.
  • 13 de janeiro – 14 h – Prédio das Artes – FURG, Campus Carreiros (Rio Grande/RS) – Mesa de debate: A fotografia e os movimentos sociais – um debate sob as lentes de João Zinclar.

Abertura – Rhayane Lima Silva Teixeira – leitura do texto de Joaquim Fernandez

Apresentação projeto – Prof. Cláudio Azevedo

Mesa de debate – participantes: Sônia Fardin (AJZ); Marcelo Gobatto (ILA/FURG); Carlos Machado (IE/FURG). Mediação: Célia Pereira.

  • 14 de janeiro – 17 h – Hippocampus Sebo e Livraria (Cassino/RS). Roda de conversa: Histórias e memórias acerca do fotógrafo João Zinclar.

Participantes: Carlos Filipe Tavares, Bira Dantas, Victoria Ferraro Lima Silva, José Cleber Lima Silva, Profa. Silvia R. Modena Martini – representando o AEL – Unicamp, TC Silva – representando a Casa de Cultura Tainã, TC Silva – representando a Casa de Cultura Tainã, Batata -representando o grupo de apoiadores do AJZ, Danilo Ciacco – representando os funcionários do MIS-Campinas, Sidalino Orsi Junior (Pato) – representando Metalúrgicos de Campinas e demais convidados, familiares e amigos. Mediação: Sônia Fardin.

A EXPOSIÇÃO:

TRENS, ESTAÇÕES E PESSOAS: PELO OLHAR DE JOÃO ZINCLAR, O FOTÓGRAFO OPERÁRIO

Na primeira exposição em sua cidade natal, a escolha do tema se deve a relação de João Zinclar com a ferrovia, presente nos registros de suas viagens pela América Latina; assim como presente na História dos riograndinos.

Também porque foi tema de seu último trabalho em janeiro de 2013, ao voltar de uma ação militante em Ipatinga(MG) ele decidiu realizar um antigo desejo de registar a Ferrovia Vitória à Minas.

A exposição apresenta séries de fotos realizadas na Bolívia em 2008, em Campinas (SP) em 2011 e em trecho da Ferrovia Vitória à Minas (ES/MG) em 2013.

São imagens que expressam a relação afetiva e atenta do fotógrafo com o tema, dividido em três séries.

As séries Viajantes e trabalhadores e Paisagens e estações ressaltam o olhar poético dedicado aos usuários, em especial às crianças, assim como aos trabalhadores ferroviários. Sempre identificado com a classe trabalhadora, Zinclar documentou os que, como ele, partilham do mesmo afeto com a memória ferroviária como parte da vida cotidiana de populações trabalhadoras latino-americanas.

As sequências identificadas como Olhar de Cinema, foram inseridas para dialogar com a forma como o olhar fotográfico de João incorporava em seu trabalho seus conhecimentos de cinéfilo e admirador da força narrativa do cinema. Uma busca por capturar o mais expressivo movimento do Sujeito que efetivamente realiza a força de trabalho que move as máquinas para produzir e fazer circular riquezas.

Como na grande maioria de suas imagens, foi a este Sujeito a quem Zinclar dedicou sua vida como fotografo operário.

Viajantes e Trabalhadores

 

Paisagens e Estações

Olhar de cinema

AFETOS: RELATOS, POESIAS, CHARGES E DECLARAÇÕES

Como parte das homenagens, os organizadores reuniram alguns relatos, poesias, charges e declarações dedicados à homenagear a memória e a obra de João Zinclar, editadas em vídeo de criação de Bruno Daniel Carneiro sob a orientação de Claudio T. Azevedo e com musica de Bira Datas “O trenzinho caipira vai ao Mississípi”.

Hasta Siempre João Zinclar!
Poema dedicado ao fotógrafo e amigo João Zinclar (1953 – 2013). Faleceu na madrugada do dia 19 de janeiro de 2013 num acidente na BR 101, no Município de Campo dos Goytacazes (RJ) quando viajava num ônibus que foi atingido por um caminhão.

Quantas fotos ficaram por fazer?
Quantas lutas aguardando o teu clique de eternidade?
Quantos rostos e lutas e punhos erguidos ficarão no anonimato?
Quantos prantos?
Quantas internacionais ficarão silenciosas sem tuas fotos?

Andamos
Zinclar
Os que documentamos
As lutas populares
Solitários
Por campos e cidades
De ônibus
De caminhão
Como animais sedentos por justiça
No perigo constante
Como trapezistas sem rede de contenção
Como monges tibetanos
Concentrados
Atrás dos campos
Onde se livram as batalhas
Contra a opressão

Sabemos
Zinclar
Que qualquer BR assassina nos espera na volta da esquina
Como um cassetete
Um gás lacrimogêneo
Ou uma bala nem tão perdida

Mas nem tudo está perdido
Zinclar
Haverá livros que contarão tua história
Jornalistas honrarão em textos tua memoria
Do Chuí ao Oiapoque
Militantes sociais
Não esquecerão que um dia houve
Um fotógrafo armado de ternura
Que andou os mesmos caminhos
De poeira e solidariedade

Não esquecerão que um dia
Houve Joao Zinclar
E muitos levantarão
Tua câmera
E continuarão
Fazendo foco
No inimigo

Alguém disse
Que nas tuas veias
Corriam as águas do rio São Francisco
Digo mais
Frei Cappio celebrou
A última missa
No por do sol do teu coração
Ensanguentado

Ficastes
No asfalto
Destroçado

Mas abraçado à tua câmera
Onde as águas do Velho Chico
Sempre correrão em liberdade…

Carlos Pronzato – cineasta (in Poemas de Combate, 2015, BA, Ed. Sindae)

“Parabéns pela iniciativa. Homenagem mais que merecida! Saudoso João, pessoa ímpar e cidadão de primeira grandeza. Trabalhei no Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas quando ele foi diretor lá. E convivemos muito pelas lutas da vida nessa época…” Djalma Santos – (Jornalista) Campinas/SP

“João Zinclar, um homem de olhar tímido, mas que através das câmeras, era de uma coragem militantemente artística. Viva, Zinclar!” Andrea Preta (Cantora, compositora e produtora cultural. Campinas/SP)

“João Zinclar, um homem de olhar tímido, mas que através das câmeras, era de uma coragem militantemente artística. Viva, Zinclar!” Shirley Souza – Psicóloga, Vinhedos/SP

“Camarada João! Acompanhei sua história no movimento social em Campinas, ele sempre esteve presente apoiando os movimentos da juventude e dos trabalhadores. Fico feliz em saber que sua memória continua viva através de suas atitudes históricas e suas fotos. João presente! Sempre!” Denys Rodrigo – Amigo

“Pessoa de um coração imenso. Deixou um grande legado para as gerações futuras. Saudades… ” Simone Costa de Lima (Prima).

“João Zinclar guerreiro andante enxergou longe, registrou o presente e iluminou nosso futuro! João Zinclar presente!” Cíntia Zapa – Arquiteta

‘ Saudades do amigo e camarada de luta! Sinto muita falta das reflexivas e afetuosas conversas. João Zinclar Presente!” Orestes Toledo – Amigo

“Querido e saudoso fotógrafo João Zinclar. Você faz muita falta!” Ana Thé – Professora

” Grande fotógrafo, amigo e olhares ousados.” Odila Fonseca – Amiga

“Uma pessoa tranquila, carinhosa, calma, minha caixinha de segredos que Deus precisou ao lado.” Rhayane Lima Silva Teixeira (Sobrinha)

” O Zinclar era aquele companheiro “pau pra toda obra”. Não tinha “tempo ruim” com ele.” Marcelo Netto – Jornalista

“Profissional humano, que registrava através de sua máquina de fotografia. A Alma da “Mãe Natureza”. Eterno primo irmão e grande amigo.” Clenir Pereira (Prima)

“O tio Lari era sinônimo de lembrança, todo ano vinha para o RS e eternizava em nossas memórias em fotos, imagens, através de suas lentes, eternizando momentos.” Karine (Sobrinha)

“Participamos de muitos protestos, pintamos um muro com palavras de ordem, comemos a melhor coxinha de Campinas em Barão Geraldo e demos boas risadas, mas, sobretudo, sempre compartilhamos a esperança de um mundo melhor! João Zinclar, presente!” Marta Maia – Professora

“Um homem simples, pacífico e excelente fotógrafo.” Paulo Rogério (Sobrinho)

‘J.Z. magnífico fotógrafo com olhares voltados às mazelas do povo, e lutava permanentemente por uma sociedade mais justa, digna e igualitária.” Hilda Silva (Irmã)

“Um operário que transformou sua arte defendendo a Cidadania e projetos sociais.” José Cleiber Lima Silva (Irmão)

“O trabalho de João extrapola as classificações convencionais, principalmente as imagens que retratam olhares. O olhar é relação, é no olhar do outro que reconhecemos e constituímos a própria existência como condição humana – que só se completa no outro. Os olhares captados pelas lentes de João são imagens que fazem pulsar a humanidade, são criações artísticas que fissuram o real. Isso as fortalece ainda mais como imagens de denúncia. João Zinclar deixou uma grande obra, que tem muito a nos ensinar sobre fotografia e militância.” Sônia Fardin- Historiadora Acervo João Zinclar

“Conheci João Zinclar no início dos anos 90. Embora em partidos diferentes, na época eu no PT e ele no PCdoB, o João sempre foi referência para mim. Com o passar dos anos essa admiração só cresceu e foi um privilégio poder conviver com esse extraordinário camarada. João Zinclar estará sempre na memória, nos momentos de luta e nas coisas da vida. João Zinclar presente!” Reginaldo Cruz (Jornalista)

“O que dizer de João Zinclar?! São tantas as palavras que podem definir este grande companheiro que conheci nas trincheiras da luta em defesa do Rio São Francisco, de companheiro de luta não poderia ser diferente, se tornou um grande amigo, conselheiro e professor de fotografia. Longas conversas, contando cada história de suas fotos, cheias de amor, dedicação e arte. Generosidade pode ser uma das palavras para descrevê-lo revisando e opinando sobre minhas fotos, e ainda me deu direito a publicar em seu lugar no Brasil de Fato.” Miryam Belo (Assessora Comissão Pastoral da Terra – Bahia)

“Sempre fui amiga de João e o amava muito, por tudo que ele representou para mim e para nossa sociedade. Tinha um espírito humanitário e solidário. Convivemos muito juntos e tenho muita saudade, mas ele vive em nossos corações.” Dolores Buonicore – Assistente Social

” João Zinclar: As lentes do operariado.” Iremar Barbosa Araújo (Bahia)

” O fotógrafo operário que seu prazer era retratar a luta de sua classe!” Miranda Santos – Companheiro

“João foi um dos militantes mais coerentes que conheci. Reunia o discurso e a prática em um meio em que isso cada vez mais se torna um desafio. A ética sempre o acompanhou, juntamente à sensibilidade à flor da pele, que quase conseguimos tocar em seus vários registros. João é um grande amigo, que faz muita falta nesses tempos bicudos que vivemos. Mas ele segue presente no rico acervo que nos deixou. João Zinclar, presente, hoje e sempre!” Cristiane Passos (Antropóloga Social, Goiânia)

“Me sinto muito honrada em participar dessa homenagem ao saudoso Fotógrafo João Zinclar. Grande Mestre da Fotografia, que conheci em Campinas-SP, no início da minha carreira, em 2010 e que, com sua generosidade e espírito altruísta, reconheceu minha aptidão para a Fotografia e me incentivou a estudar e me dedicar à mesma. Sua partida precoce foi uma perda irreparável para o Mundo da Fotografia. Deixou como legado, seu excelente trabalho, imortalizado nos seus registros e nas suas belas imagens. Obrigada pela oportunidade de participar dessa homenagem ao nosso querido João!” Dalva Couto (Fotógrafa brasileira)

” JOÃO ZINCLAR! Muito mais que homem, gente! Capaz de olhar muito além de si mesmo e principalmente por aqueles que mais precisam. Usou enquanto esteve entre nós o poder da imagem para mostrar as diferenças entre ricos e pobres; poderosos e oprimidos. Ele foi mas deixou na lembrança de todos seu olhar imagético de profissional comprometido com as causas em favor deles. Feliz de quem, como eu, teve o privilégio de conviver pessoalmente com ele.” Gilberto Gonçalves (Jornalista)

“10 anos sem a presença do meu grande amigo João Zinclar. Fotógrafo com um olhar único para as causas sociais. Sempre fiel aos seus princípios. Saudades infinitas dos nossos momentos escolhendo as fotos para compor os vários livros do São Francisco, das histórias compartilhadas, das nossas conversas sobre fotografia. Meu amigo, sempre sentirei sua falta!” Chris Garcia- Psicóloga

“O João dizia que não era um artista, que era um operário da fotografia, deixando claro a sua posição de classe sempre e prioritariamente. Portanto era nesse lugar-tempo que ele militava com a sua câmera na mão e com o seu olhar sensível, profundo e preciso de um operário registrando, revelando e testemunhando por dentro a luta dos operários e dos movimentos sociais Brasil afora, “contra as injustiças e contra a exploração do capitalismo sobre os trabalhadores”. E foi assim que o grande fotógrafo e amigo, João Zinclar, viveu, criou e nos deixou o seu precioso legado político, social, cultural, muito humano e muito artístico.” Carlos Tavares – Amigo

“Falar do João Zinclar companheiro, camarada, profissional, mas acima de tudo amigo. Uma pessoa que conseguia a proeza de fazer com que a foto se comunicasse, o João era encantador, não era apegado às coisas materiais, tinha um coração muito bom, um dos mais lindos que já cruzei. Nós sempre estávamos presentes nos movimentos populares juntos, ele a mais tempo, eu ainda engatinhava na fotografia dos movimentos populares e ele sempre tão gentil e generoso me falava: vá em frente guria que você tem futuro, você não tem medo do que faz e ama o que faz. O João sempre incentivava na fotografia e na vida, foi um amigo muito especial na minha vida, e até hoje eu não tenho palavras para falar o suficiente com grande amigo, camarada, uma pessoa doce e brava também quando precisava, por que ele sempre mostrava que a vida não era fácil mas que você era capaz de enfrentá-la. Obrigada grande companheiro.” Lúcia Craiba (Fotógrafa)

“João, um companheiro ímpar, classista e firme em seus princípios libertários, mas sempre aberto ao diálogo com os diferentes Querido pelos militantes de todas as correntes de todos os partidos em Campinas. Compartilhamos intensos debates, a luta nas ruas e nos bares.” Gilberto Roldão e Ivete Roldão (Jornalistas e Professores)

“A credibilidade e notoriedade de seu trabalho não foram razões para que João mudasse seu jeito de ser ou deixasse de cobrir as lutas do povo.” Douglas Mansur (Fotógrafo dos Movimentos Sociais)

“João pautou sua vida na transformação da sociedade demonstrando através de suas ações e a sensibilidade de suas fotos, a luta contra as desigualdades, a opressão, a exclusão e a discriminação das classes socialmente oprimidas.” Jackeline Teixeira (Companheira das lutas sociais)

“João Zinclar! Chamado carinhosamente entre os familiares de “LARI”, fomos criados como irmãos. Meu primo, saiu por este mundão em busca de realizar sonhos, metas e objetivos, através de imensa determinação, persistência e talento eternizou sua arte. Fostes um guerreiro!” Carmem Lima Valério (Prima)

“João Zinclar, 10 anos, nossa!!!  Te homenagear é importante, você é um grande fotógrafo operário, é por isso que o seu “fantasminha” está aí ainda, e algumas vezes nos encontramos num desses cantos, onde ouvimos juntos as histórias de homens e mulheres do Rio São Francisco, as histórias dos Curumins, ouvimos a sabedoria dos velhos quilombolas sob luzinhas tão facas e tão tênues, mas que marcava tão bonito aqueles rostos; e você conseguia, no meio de isso tudo, uma foto bem natural. Sempre essa busca dessa foto natural e de grande beleza, mas engajada e simples. João Zinclar, nunca paramos de andar juntos, obrigada pela tua parceria por tanto tempo.” João Roberto Ripper (Fotógrafo)

“Eu estava no Sindicato dos Eletricitários onde trabalhava como chargista. Sinto falta das conversas sobre Blues, Sindicalismo, MST, Charges e Quadrinhos. Ele tem uma importância enorme no mosaico de imagens que retratam os trabalhadores do campo e da cidade, de norte a sul do Brasil. Na homenagem que o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas fez para o nosso companheiro das fotos toquei na gaita “O trenzinho do Caipira vai ao Mississipi”. O João se dizia “fotógrafo operário ou operário da fotografia”.” Bira Dantas (Chargista-Sindicalista e Gaitista)

O Camarada J.Z VIVE PRESENTE SEMPRE NA LUTA…

(Arte de Carlos Latuff – Chargista, Cronista Visual e Ilustrador)

“O João “nunca” se vendeu, e sei que jamais o faria. Ele é um presente! Digo isso, porque acredito que em algum lugar ainda está NA LUTA, mesmo sabendo que é cético.” Pati Pinto – Bióloga

“João Zinclar, Presente! Sempre Presente! “A luta contra a corrupção não é a minha bandeira, eu luto contra a exploração capitalista que sustenta toda corrupção. Não acredito na indignação hipócrita da moral pública”. João Zinclar!” Acervo João Zinclar

“Meu compadre João faz muita falta nesta história do momento. Está em nossos corações e mentes. Continuamos na luta.” Carlos Artioli – Advogado

“João Zinclar! Fotos belíssimas com uma visão social diferenciada, mostrando a realidade de um Brasil pobre, oprimido, que muitos sabem, mas poucos querem fazer alguma coisa para mudar. Sua obra tem uma poética rara, que vejo em Sebastião Salgado. Sempre admirei o João como pessoa e fotógrafo, militante, idealista. Cada click que ele fez tem uma narrativa de denúncia contra a opressão, sempre em defesa do povo humilde. Também tem as fotos de lirismo puro, como a natureza e cenas cotidianas. Sua arma era a máquina fotográfica, o sorriso, a humildade, a sabedoria. João era tímido, mas pensava.” Magdaelei Amorim (Jornalista)

“João Zinclar, mal consigo acreditar que você se foi. E dessa vez pra sempre. A vida como sempre coloca pessoas muito especiais no meu caminho, mas às vezes me tira da forma mais penosa possível. Gratidão eterna pelas longas conversas (nunca me esqueço da “regra dos terços”!), pelo carinho, e pelos incansáveis incentivos à militância! Fiz o curso de fotografia que você ficou tão feliz em saber que eu ia fazer… Como sua aprendiz, espero fazer fotos tão boas quanto as suas! Você dizia que eu levava jeito. “Sinto enorme prazer fotografando, principalmente as lutas populares com suas demandas políticas e sociais”Maria Tereza Queiroz Têra (Amiga)

“Foi uma honra e felicidade conviver ao lado de João, a nobreza e beleza de seu olhar.” Roselene dos Anjos – Amiga

“O João é um dos grandes e melhores fotógrafos que os movimentos sociais já tiveram. Tanto pela sua qualidade estética e artística, como pela sua formação política e humildade.” João Paulo Rodrigues – MST

“Zinclar, era humilde, não se apegava aos bens materiais. Ele era sincero, dizia o que pensava na hora. Dedicado, cheio de disposição e energia para viajar, ou cobrir uma pauta. Simples e generoso, por dedicar toda sua vida e seu talento ao registro das lutas sociais.” Silvia Ferraro – Ex-Companheira

“Tenho profunda admiração por esse querido camarada e magnífico fotógrafo.” Suely Torres – Jornalista

“João Zinclar, costumava estar onde o povo circulava, literalmente não esqueceu sua opção de classe, e se manteve firme fotografando exclusivamente os movimentos sociais e as causas que considerava justas.” Katia Zanvettor – Jornalista

“O João, fotógrafo dos movimentos sociais, militante, sempre se preocupou em ampliar a voz dos menos favorecidos, dando repercussão às reivindicações e lutas dos trabalhadores.” Altamiro Borges – Jornalista e Escritor

“A fotografia para o meu pai não era apenas uma arte, mas uma forma de contribuir para a mudança da sociedade. A necessidade de preservar o momento, de contar uma história a partir da imagem, se registrar um fato, estava presente em todas as suas falas sobre o que era importante na fotografia, mas a história que ele contou, os momentos que preservou, os fatos que registrou, fazem parte de uma luta muito maior que a fotografia. O que movia meu pai era a luta política e a convicção da necessidade, mais que urgente, de transformar a sociedade. A partir disso, ele viu na fotografia uma maneira de contribuir com essa transformação, e hoje temos um grande acervo onde está presente uma parte da história da luta dos trabalhadores, dos povos ribeirinhos, dos indígenas, das mulheres, dos explorados e oprimidos; uma história que dificilmente vemos estampada nas capas de grandes jornais; uma história a ser preservada.” Victória Ferraro Lima Silva (Filha de JZ)

“João, companheiro de lutas, sempre inquieto, oferecendo seu olhar especial à serviço da luta dos oprimidos.” Gabriel Barcelos – Companheiro

“João Zinclar, era povo e sua arte social deve ser preservada, foi um dos raros socialistas que conheci capazes de conquistar respeito e a admiração de todas as linhas e tendências partidárias, ele era dono de uma coerência comovente, cujo preço pouca gente está disposta a pagar.” Bruno Ribeiro – Jornalista e Escritor.

“João, foi uma perda duríssima para o povo que luta, e irreparável também ao jornalismo que, com e como ele, registrava as histórias de um Brasil que muitos querem invisível. Para os amigos, companheiros e camaradas somos menos um.” Verena Glass – Amiga

“O seu olhar único valorizava a luta popular, que mostrava a beleza das pessoas do povo em marcha nas ruas, ou no cotidiano sofrido. João Zinclar era cheio de esperança.” Ruben Siqueira (Articulação São Francisco Vivo/ CPT Bahia)

“João, além de seu olhar humano e habilidade estética, tinha a forma dele de colocar toda a vontade de mudar o mundo nas suas fotos. Ele não fazia fotos para ganhar dinheiro, e sim para registrar os momentos de mudança. Esse comprometimento fez dele um grande profissional.” Aline Sasahara – Cinegrafista

“João era dessas pessoas impossíveis de serem enquadradas num único espaço ou ambiente. Era multifacético capaz de transitar por ambientes distintos, contraditórios, de se relacionar com diversos setores dos movimentos sociais e da sociedade, de uma maneira geral, com uma desenvoltura ímpar de produzir resultados concretos. Ficou conhecido no Brasil e no Mundo por suas fotografias. Sua arte captou nossas lutas, olhares, dramas, angústias e esperanças. Denunciou injustiças, desmandos e destruições. Apontava-a como uma arma contra a indiferença e o individualismo reinante, buscando construir não uma alternativa, mas muitas capazes de resgatar solidariedade, fortalecer as lutas de classes, sem nunca perder o norte, a coerência e a ética do militante.” José Roberto Cabreira – Professor

“Conheci João quando ele ainda era metalúrgico. Um ser humano íntegro e fiel aos seus princípios como poucos. Mais do que um fotógrafo sensível às causas sociais, João é um amigo que faz falta nesse planetinha injusto. E Salve o Velho Chico!” Edna Madallozo – Jornalista

“João nos deixou muito cedo. Não o conheci pessoalmente, mas admiro muito seu trabalho, que conheci por publicações, depoimentos e entrevistas que ele deu.. Para realizar seu trabalho da forma como queria, João precisaria estar muito próximo aos movimentos sociais. No entanto, em sua trajetória, ele foi muito além, ele próprio também era o movimento social: fotógrafos, militantes, companheiros e companheiras eram como uma coisa só, que se identificavam nas lutas, no dia a dia, e em suas fotografias. Conscientizar e organizar os trabalhadores: ele tinha muito desejo por liberdade, tinha vontade de conhecer as pessoas, os territórios, o Brasil e o mundo. Com uma fala calma e envolvente, mas com convicção política firme, conseguia ser uma pessoa dócil e, ao mesmo tempo, forte, determinada. Era daquelas pessoas que sabia o que estava fazendo, para além do momentâneo. Daí que sua fotografia, que é essencialmente momento, instante, entrou para a história e é um patrimônio do qual a classe trabalhadora e o povo que ele fotografou se orgulham. E permanece viva e presente precisamente da forma como ele vislumbrava, como instrumento de documentação e memória das lutas históricas dos movimentos sociais.” André Vilaron – Fotógrafo.

“Porém me ocorreu algo, que pra mim é a essência desse carinho, amizade e admiração que tenho pelo João. Mas a minha melhor homenagem ao Fotógrafo Operário” Rodrigo e Natália Lobo, tios da Victória, deram o nome do fotógrafo ao primeiro filho.

“Um homem e suas lutas! ‘Há homens que lutam um dia, e são bons, há homens que lutam por um ano, e são melhores; há homens que lutam por vários anos, e são muito bons; há outros que lutam durante toda a vida, esses são imprescindíveis’. (Bertolt Brecht). Num mundo que cultua a superficialidade e o vazio de ideias, no qual o consumismo desenfreado e predatório é glorificado, a vida de quem é obstinado e idealista é extremamente árdua. Porém, movido pela força de suas convicções, bem como a repulsa ante às injustiças sociais e a perversa desigualdade econômica, esse tipo especial de ser humano jamais se verga. Enfrenta, destemidamente, a ira dos poderosos, detentores de privilégios aviltantes. Em nome desse embate, arrisca, por vezes, sua integridade física e, até mesmo, a própria existência. João Zinclar, o conterrâneo a quem homenageamos, era um representante dessa indispensável parcela de homens e mulheres. Homem negro, de origem modesta, João Zinclar deparou-se, desde muito cedo, com os desafios impostos por uma sociedade racista e aporófoba. Não fugiu de nenhum deles. Pelo contrário, sua consciência social, sua visão clara das mazelas capitalistas, fizeram dele um lutador contra esse quadro historicamente opressivo. Para isso, não se utilizou de fuzis. Sua arma era a máquina fotográfica, com a qual retratava e denunciava as perversões e atrocidades impostas pelos poderosos ao povo trabalhador. Foi militante sindical e partidário, atividades que mantinha em paralelo com a de fotógrafo amador. Posteriormente, afastou-se das atividades sindicais e políticas, e dedicou-se, exclusivamente, à documentação fotográfica das lutas e movimentos de resistência da classe trabalhadora, no Brasil e em vários outros países. Recebeu vários prêmios, conferidos por movimentos sociais, em reconhecimento ao seu trabalho. Com uma atividade profícua em favor dessas referidas causas, ficou conhecido como o “fotógrafo operário”. Muito teria, ainda, por fazer, mas foi colhido pela fatalidade, falecendo, vítima de um acidente automobilístico, em 2013, com apenas 56 anos. Deixou, no entanto, um enorme legado, que será devidamente preservado. Com João Zinclar, mais um fruto precioso de Rio Grande, terra tão pródiga em talentos, fica o reconhecimento e a homenagem de seus conterrâneos.” Joaquim Fernandez – Jornalista Rio Grandino

FOTO DE SI MESMO

Que caminho é este que do alto apontas?

Ninguém vem por ele? Vieste só?

Parece árido. Tiveste sede?

Havia cerca. Não te deteste?

Apontas para que te sigamos?

Não, isso não.

Ser guia não era tua pretensão.

Querias quem caminhasse em paralelas.

Mas é o fim da jornada este cume?

Não, é só descanso,

E reapreciar a jornada.

O fim está do outro lado,

Atrás do horizonte.

Continue irmão:

Nos destes a urgência

De andar paralelo de teu caminho” Maurício F. Ceolin (Revista Sinpro Cultura)

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