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Trabalhadores desocupam Mabe em Campinas

Depois de 60 dias ocupando a fábrica numa luta que serve de exemplo para os trabalhadores no Brasil e em outras partes do mundo, os companheiros na Mabe, que estavam preparados para resistir à ação da Polícia Militar, por segurança, inclusive de seus familiares já que lá havia muitas crianças, decidiram pela desocupação da empresa.

Estamos convencidos que ocupar as empresas é o único caminho para garantir nossos direitos sem depender da morosidade do judiciário.

Continuaremos conversando com vários Sindicatos que enviaram cartas de apoio, para dizer que na atual situação do país, o principal apoio que podemos dar uns aos outros é desencadear uma onda de ocupações por todo o país em qualquer empresa que queira reduzir nossos salários e direitos.

Esse não é o fim da luta, que agora segue não só com o questionamento no judiciário para derrubar o golpe da falência, mas com Sindicatos de outros países denunciando essa empresa nos principais mercados consumidores de suas marcas, Europa, Estados Unidos, etc.

Golpe internacional da Mabe

São décadas de luta do Sindicato junto com os trabalhadores na Mabe, quando era antiga Dako.

A crise atual começou em 2013, quando ela fechou sua unidade em Itu e aqui, iniciamos um acampamento na portaria para impedir que levassem parte do ferramental para a Argentina. Resistimos contra as demissões e por vários meses centenas de trabalhadores ficaram em licença remunerada.

Existem pedidos e capacidade de produção de geladeiras, fogões e máquinas de lavar. Então porque a falência?

Com o argumento mentiroso de não ter dinheiro para compra de matéria prima, dizemos mentirosos pois seus acionistas há anos articulam para esvaziar o caixa da empresa transferindo 800 milhões para a matriz no México.

A falência na realidade é um golpe para se livrar do passivo trabalhista, das centenas de companheiros e companheiras com estabilidade até a aposentadoria por serem vítimas de acidentes ou doenças provocadas pelas condições de trabalho.

Essa é a realidade: a falência é só um golpe para não pagar o que deve e não é só no Brasil. Neste mesmo período também decretaram falência numa planta do Canadá.
O Sindicato recebeu e-mail de trabalhadores na planta de Montreal, no Canadá, que produzia secadoras e fechou em 2014.

Dois dias depois de os trabalhadores deixarem a planta, a empresa decretou falência. Eles perderam o seguro na vida, benefícios sociais e mais de 22% do valor da aposentadoria. Lembrando que mais de 1.500 companheiros são aposentados. A empresa ficou devendo mais de 70 milhões de dólares canadenses, ou 47 milhões de dólares americanos. Desde janeiro, o Sindicato Unufor iniciou uma campanha de boicote aos produtos que são distribuídos pela Mabe Canadá pela MC comercial, que é a divisão da Mabe México.

Infelizmente, o judiciário foi muito rápido para aceitar a falência, mesmo sem conhecimento de todo o histórico dessa multinacional mexicana. É por isso, que o Sindicato está questionando nas instâncias superiores do judiciário esse golpe de falência e, vamos até as últimas conseqüências para garantir os direitos dos trabalhadores responsabilizando todos os acionistas dos últimos 5 anos.

A Polícia Militar e o papel do estado na defesa dos interesses do capital

O uso da truculência e da violência da Policia Militar contra a classe trabalhadora na cidade ou no campo são práticas cada vez mais comuns nos governos.
Em São Paulo, a PM do tucano Alckmin, não pensa duas vezes para reprimir manifestações dos trabalhadores e estudantes, como o massacre no Pinheirinho, em São José dos Campos; os ataques da Tropa de Choque aos estudantes secundaristas em São Paulo; o terror no ato de reintegração na Mabe Hortolândia, entre outros.

Trabalhadores sem-terra são mortos pela Polícia Militar no PR

E, no Paraná, no último dia 7, a PM do também tucano Beto Richa, aquele que mandou bater em professores durante uma greve no ano passado, assassinou, com tiros nas costas, dois trabalhadores sem-terra do Acampamento Dom Tomás Balduíno, na Fazenda Araupel. Mais sete trabalhadores ficaram feridos.

Fotos: Robson B. Sampaio, Rafael Jorge e Luciano Claudino

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