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Sindicato participa de encontro nacional de trabalhadores da ArcelorMittal, em BH

Nos dias 22 e 23 de julho foi realizado o Encontro Nacional dos Trabalhadores na ArcelorMittal, em Belo Horizonte.


A atividade foi realizada na Escola Sindical 7 de Outubro e reuniu representantes de 15 plantas.

Os temas mais debatidos no encontro foram saúde e segurança no trabalho, porque embora a empresa se diga responsável e comprometida com a saúde de seus trabalhadores, na prática a realidade é outra: só no primeiro semestre de 2010 foram registrados cinco acidentes fatais em fábricas brasileiras.


E a multinacional nem sequer considerou esse número por se tratar de trabalhadores terceirizados.

Em repúdio às condições de trabalho e a essa atitude da empresa, os trabalhadores aprovaram uma nota para ser entregue em todas as plantas e também às entidades internacionais responsáveis, como a Federação Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (FITIM). Confira Nota no final desta matéria.

Enquanto trabalhadores brasileiros morrem, a ArcelorMittal lucra US$ 2,383 bi no primeiro semestre de 2010

O grupo siderúrgico ArcelorMittal, o maior do mundo, obteve um lucro líquido de US$ 2,383 bilhões no primeiro semestre de 2010.


No primeiro trimestre ganhou US$ 679 milhões e, no segundo, atingiu US$ 1,704 bilhão.


No mesmo período do ano passado, durante a crise, as perdas nos lucros foram de US$ 1,855 bilhões.

No terceiro trimestre, a empresa prevê alcançar um Ebitda (que é o resultado bruto de exploração) entre US$ 2,1 bilhões e US$ 2,5 bilhões.


Inferior ao registrado no segundo trimestre (US$ 3,002 bilhões), mas superior ao do primeiro (US$ 1,888 bilhão).

No primeiro semestre de 2010, o resultado bruto de exploração (Ebitda) cresceu mais que o dobro: 132%. O que corresponde a US$ 4,890 bilhões.

Segundo a presidência da empresa, todo esse crescimento dos lucros se explica na melhoria do mercado, e, é claro, na redução de custos.


Ou seja: na redução do número de trabalhadores nas linhas de produção, dos salários, dos direitos e das condições de trabalho.

NOTA DE REPÚDIO
Mortes na ArcelorMittal Brasil

A Rede dos Trabalhadores na ArcelorMittal Brasil manifesta seu repúdio às  condições de trabalho oferecidas pelas unidades da empresa no país, bem como sua política de Recursos Humanos – que atua como se cada trabalhador e trabalhadora fosse uma peça de reposição.

A política de Recursos Humanos nas plantas Arcelor Mittal Brasil é de ganância pelo lucro e tem feito com que trabalhadores percam a vida.


Ainda estamos no mês de junho de 2010 e 5 trabalhadores já morreram em diferentes plantas da empresa.


Não podemos entender esse fato de outra forma que não o absurdo descaso com a saúde e a segurança do conjunto dos trabalhadores na ArcelorMittal Brasil.

Ressalta-se que não estamos mencionando diversos casos de mutilação ocorridos na planta de Campinas/SP – que não se enquadram com acidentes fatais, mas em muitas situações impossibilitam jovens trabalhadores de exercerem sua profissão ao longo da vida.

As mortes ocorreram nas plantas de Timóteo/MG, Cariacica/ES, João Monlevade/MG e Tubarão/ES e foram todas avaliadas pela empresa.


Repudiamos também esse método! Acreditamos que o processo de investigação deve ser coletivo, incluindo todas as partes interessadas, e de acordo com a política de saúde e segurança do grupo ArcelorMittal.

Não entendemos qual o problema em envolver os representantes sindicais na apuração dos fatos.


Ora, se a empresa está agindo de acordo com suas próprias políticas mundiais, se o atendimento aos trabalhadores diretos e/ou terceirizados atende aos acordos mundialmente assinados pela empresa e às legislações nacionais, qual o problema?

O problema é que a empresa conclui seus relatórios sempre depositando a culpa no trabalhador morto. Afirma que não houve cumprimento dos procedimentos de segurança. Ora, mesmo se essa fosse a exclusiva razão para os acidentes, a empresa não deixaria de ter responsabilidade.


Ela não deve permitir que os trabalhadores não atendam às normas de saúde e segurança e, para tanto, deveria ter mecanismos de controle.


Mas a questão é que a empresa não elenca, e tampouco estuda os diversos fatores que propiciam uma fatalidade.

O Comitê avalia que há falhas inclusive nos procedimentos de segurança que os trabalhadores devem seguir, e isso também contribui para a ocorrência dos acidentes fatais.


E nosso posicionamento não é do acaso, se sustenta no relatório feito pela própria empresa (unidade Cariacica/ES) que foi disponibilizado aos representantes da Rede dos Trabalhadores na ArcelorMittal Brasil.

A empresa não admite as falhas nos procedimentos de segurança exigidos, mas contraditoriamente o referido relatório determina um prazo para as correções no mesmo.


Como podemos acreditar nas alegações da empresa se ela mesmo se contradiz?

Os representantes dos trabalhadores exigem a imediata correção das causas que levaram aos acidentes, e à criação do “Comitê Misto de Saúde e Segurança” em cada unidade instalada no país.


Essa atitude nada mais é que o cumprimento do acordo firmado entre a Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (FITIM) e a direção Mundial da ArcelorMittal.
 
É inadmissível que a empresa firme um acordo, crie espaços em prol da saúde e segurança dos trabalhadores em alguns países, e no Brasil não.


Também é inaceitável uma empresa que tendo lucrado US$1,566 bilhão em 2009 (só nas plantas do Brasil) não tenha uma política de prevenção de acidentes eficaz e eficiente, que não respeite a vida daqueles que são os efetivos responsáveis pela sua manutenção e expansão: os trabalhadores.

Todo nosso repúdio a essa postura!

Rede dos Trabalhadores da ArcelorMittal no Brasil.
Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do Espírito Santo, Sabará – MG. BH/Contagem-MG, Timóteo-MG, Juiz de Fora – MG, Piracicaba – SP, Osasco – SP, Campinas/Hortolândia – SP, Feira de Santana – BA, Ribeirão Pires/ABC – SP Vespasiano – MG, João Monlevade – MG.


 


 

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