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Absolvido, no Pará, fazendeiro que mandou matar a freira Dorothy Stang

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de contratar pistoleiros para matar a missionária norte-americana, Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, foi absolvido no segundo julgamento, dia 06/05. Dorothy, de 73 anos, foi morta por 9 tiros, em emboscada, em Anapu (PA).

No primeiro julgamento, em maio de 2007, ele foi condenado a 30 anos de prisão. Como a pena ultrapassou 20 anos de prisão, a lei diz que ele tem direito a um novo júri popular. No segundo julgamento, ele foi absolvido.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vai recorrer da decisão do Tribunal do Júri de Belém, que absolveu o fazendeiro. Ela informou que o recurso será apresentado com o Ministério Público Estadual do Pará.

No Pará, impunidade é absoluta
Com a absolvição e a soltura de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de planejar a morte da missionária Dorothy Stang, em Anapu, não há no Pará nenhuma pessoa apontada como mandante de crime relacionado a conflito agrário que esteja atrás das grades.

De acordo com um levantamento feito pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), de 1971 a 2007 houve 819 mortes em razão de disputas por terra no Estado.

Apenas 92 casos resultaram em processos.
Houve 22 julgamentos pelo Tribunal do Júri.
6 mandantes foram condenados.
Dos 6 condenados, um está foragido, um morreu por causas naturais, um foi perdoado pela Justiça e dois aguardam novo julgamento em liberdade. O sexto é Bida, que foi absolvido nesta semana. No primeiro julgamento, ele havia sido condenado a 30 anos de prisão.
Nenhum foi preso.

Dois dos seis condenados ficaram conhecidos em 1996, após o massacre de Eldorado do Carajás, quando 19 sem-terra foram mortos às margens da rodovia PA-150.

O coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Oliveira aguardam em liberdade, por decisão do Supremo Tribunal Federal, até que sejam esgotadas todas as opções de recursos.

Outros dois mandantes condenados, Vantuir Gonçalves de Paula e Adilson Carvalho Laranjeira, envolvidos na morte do sindicalista João Canuto de Oliveira, de Rio Maria (PA), em 1985, escaparam da punição.
Em março de 2007, Laranjeira fugiu, mas morreu de causa natural.
Vantuir segue foragido.

Jerônimo Alves de Amorim, condenado como mandante da morte de outro sindicalista de Rio Maria, em 1991, acabou perdoado pela Justiça de Goiás após cumprir prisão domiciliar por problemas de saúde.

Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, também apontado como mandante do assassinato de Dorothy Stang, aguarda julgamento em liberdade.

No Estado, há casos emblemáticos que nem sequer foram julgados. Dois deles ocorreram em 1985: a chacina de Conceição do Araguaia, onde 12 trabalhadores rurais foram mortos, e a chacina de Xinguara, onde 17 pessoas foram assassinadas.

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