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Empregos terceirizados crescem 127% em dez anos

A contratação de trabalhadores terceirizados já corresponde a um terço das vagas criadas nas empresas privadas do país. Dos 6,9 milhões de postos de trabalho abertos pelo setor privado de 1995 até 2005, 2,3 milhões foram ocupados por terceirizados (trabalhadores que atuam numa empresa, mas que recebem salário por outra).
O levantamento foi feito pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp, que se utilizou de informações do Ministério do Trabalho (Rais e Caged).


Crescimento de 127%
Em 1995 havia 1,8 milhão de terceirizados formais no país. Em 2005, já somavam 4,1 milhões. Desses 4,1 milhões de terceirizados, 1,47 milhão de trabalhadores são microempreendedores ou pessoas jurídicas, que prestam serviços às empresas.
Na região metropolitana de São Paulo, de 169 mil terceirizados em 1995 o número subiu para 309 mil no ano passado.  Segundo a Fundação Seade, enquanto o assalariamento direto (que compreende aqueles que trabalham para uma empresa e recebem dela) aumentou 15,2% em dez anos, a terceirização cresceu 82,8% no mesmo período.


Reestruturação produtiva
Antes restrita às atividades de limpeza, vigilância, alimentação e segurança, a terceirização se expande para os mais diversos setores (telefonia, automobilístico, eletroeletrônico, supermercados) e áreas (como telemarketing). Até o departamento de RH, considerado o “coração” de uma empresa, está hoje nas mãos de terceirizados.
A Philips, que chegou a ter cerca de 20 mil funcionários no final da década de 80, por exemplo, hoje emprega 6 mil pessoas e contrata serviços de mais 5 mil.
No setor automobilístico, não é diferente. A Fiat empregou 25 mil trabalhadores nos anos 80. Hoje, considerada uma das empresas mais enxutas do setor, tem 9 mil funcionários diretos e 7 mil indiretos (prestadores de serviço e fornecedores), em Betim (MG).
A Volkswagen quer cortar custos com medidas que também incluem a terceirização de alguns setores da unidade de São Bernardo. A Volks emprega 21,5 mil trabalhadores em cinco fábricas e terceiriza pelo menos 5 mil.
“O que faz a terceirização se expandir é, muitas vezes, a opção das empresas pela redução de custos por meio de salários. No Brasil, em geral, a terceirização virou sinônimo de precarização do trabalho”, diz Márcio Pochmann, economista do Cesit que participou do estudo.


Patrões lucram R$ 26 bilhões por ano com terceirização
Hoje, a terceirização resulta uma economia de R$ 26 bilhões por ano para as empresas. Os trabalhadores deixam de receber R$ 20 bilhões e governo, R$ 6 bilhões. Segundo o  Ministério do Trabalho ainda não há dados oficiais que mostrem o impacto da terceirização na arrecadação.
Para calcular quanto as empresas economizam com a terceirização, o estudo comparou a soma de salários pagos aos terceirizados (com base no salário médio pago a cada terceiro) com a soma de salários que eles receberiam se trabalhassem diretamente para as empresas (com base no salário médio pago ao trabalhador direto), nas mesmas funções.
O estudo mostra que a diferença salarial pode chegar quase à metade entre um efetivo e um terceirizado. Um segurança contratado diretamente por uma empresa teve rendimento médio mensal de R$ 1.692 em 2005. Um subcontratado, R$ 789. Na área de limpeza, os salários eram de R$ 670 (efetivo) e de R$ 445 (terceirizado).


 

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