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Marido atrapalha mais que filhos a carreira profissional da mulher

Existe uma crença de que o que dificulta a inserção da mulher no mercado de trabalho são os filhos, mas a verdade é que os maridos atrapalham mais a carreira profissional das mulheres. Um dos principais motivos é que mesmo depois de tantos anos de luta pela igualdade entre os sexos, a divisão das tarefas domésticas ainda sobrecarrega as mulheres.

Uma pesquisa realizada em 2003 pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o IBGE de 2003 foi constatado que a porcentagem de solteiras e com filhos trabalhando era de 70%. Essa proporção é superior à verificada entre as brasileiras casadas com um homem que assume a função de chefe de família. Se há filhos no casamento, a taxa de atividade da mulher fica em 58%. Sem filhos, chega a 61%.

Além de terem mais presença no mercado de trabalho, as mulheres solteiras ou que assumem a posição de chefe de família também conseguem, em todas as classes sociais, uma renda média superior à verificada entre as que são casadas.

Os dados indicam que o tempo que as mulheres têm para trabalhar fora varia bastante de acordo com sua condição no casamento. Se são chefes de família, a média é de 40 horas. Quando cônjuges, ele cai para 36,4 horas, se não há filhos, ou 34,6 horas, se há.

Entre os homens, no entanto, a alteração é mínima. Quando são chefes, a média de horas semanais é de 46,7 (sem filhos) ou de 47,8 horas (com). Se não chefiam a família, essas médias caem, respectivamente, para 45,6 e 47,2.

O potencial feminino é limitado também nas negociações que acontecem dentro do casamento, na divisão das tarefas domésticas. O cálculo do tempo gasto em média por homens e mulheres para cuidar das tarefas domésticas mostra que, mesmo quando eles não estão trabalhando, têm menos dedicação do que elas. A pesquisa de 2003 mostra que as brasileiras dedicam 28 horas semanais para essas atividades, sendo 36 quando não trabalham fora e 23 quando estão ativas. Os percentuais masculinos são sempre menores: 11 horas em geral, sendo 14 quando inativos e 10 quando ocupados.

A sobrecarga do trabalho doméstico nas mãos femininas não é novidade. O que mudou foi a necessidade da mulher de sair para o trabalho. Em 1981, 40% das mulheres trabalhavam. Em 2003, essa taxa aumentou para 69%.

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