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Justiça inocenta chefe do massacre do Carandiru

O comandante do massacre do Carandiru, coronel Ubiratan Guimarães, foi absolvido, em segunda instância, pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, por 20 votos contra dois. A ação do coronel no comando da operação, que resultou na morte de 111 presos, em 1992, foi considerada “estrito cumprimento do dever policial”. As provas não foram analisadas ontem.

Os desembargadores decidiram anular a decisão do júri popular, de 2001, que condenou Ubiratan a 632 anos de prisão e a condenação foi extinta.

Coronel se elegeu deputado com o número 111
Seria piada, se não fosse trágico

O coronel foi julgado pelo Órgão Especial da Justiça porque é deputado estadual pelo PTB, eleito pela legenda de número 111, que usa em suas campanhas no estado, em referência ao número de mortos no Carandiru. Ubiratan nunca passou um dia preso. Até hoje ninguém foi punido pela chacina no pavilhão 9 do Carandiru, onde ficavam os detentos menos perigosos do complexo, muitos ainda sem sentença. Nenhum dos 84 policiais indiciados foi julgado. As acusações contra mais 29 policiais prescreveram. A responsabilidade dos governantes da época também nunca foi investigada.

O Ministério Público Estadual deve recorrer da decisão de ontem no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas, se vencer, o julgamento será feito pelos mesmos desembargadores, os 25 mais antigos do TJ, que inocentaram o coronel. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) já pediu a punição dos culpados ao governo brasileiro, e agora poderá pedir sanções ao país. E a ONU declarou que a decisão é um retrocesso na luta pelos direitos humanos no Brasil e no mundo.

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